Origem e História da Maçonaria no Brasil

Se você já se perguntou como a maçonaria chegou ao Brasil, prepare-se, porque a história é muito mais instigante do que você imagina. Ela não começou oficialmente, com cerimônias públicas e templos suntuosos, como muitos podem pensar. Na verdade, tudo começou de forma bastante discreta, quase clandestina, em meio a um cenário de perseguições, interesses políticos e movimentos revolucionários que moldaram nosso país.

A primeira vez que ouvi falar sobre a maçonaria no Brasil, confesso que imaginei algo misterioso, envolto em ritos secretos e símbolos indecifráveis. Mas, ao mergulhar nos registros históricos, descobri uma trama fascinante que conecta nomes que aprendemos na escola — Dom Pedro I, José Bonifácio, Gonçalves Ledo — a essa sociedade discreta, porém extremamente influente.

Durante o período colonial, qualquer organização que promovesse encontros sem a bênção da Coroa Portuguesa ou da Igreja era considerada subversiva. E é justamente nesse ambiente de censura que surgem as primeiras lojas maçônicas brasileiras. Na verdade, não podemos falar exatamente de “brasileiras” no começo, porque muitas delas funcionavam no exterior, especialmente em Lisboa e na França, onde brasileiros exilados encontravam espaço para discutir ideias iluministas e, claro, tramar a independência do Brasil.

Como surgiu a Maçonaria no Brasil?

Você já se perguntou como, em meio a um regime colonial tão rígido, ideias tão revolucionárias conseguiram penetrar nosso território? A resposta é justamente a maçonaria. Ela chegou ao Brasil trazida por militares, comerciantes e, principalmente, por intelectuais que tiveram contato com as correntes filosóficas europeias.

O marco considerado oficial da maçonaria no Brasil data de 17 de junho de 1797, com a fundação da loja Reunião, no Rio de Janeiro. Mas é bom deixar claro que existem indícios de atividades maçônicas anteriores, sempre em caráter absolutamente reservado, para evitar represálias da Coroa e da Igreja. Afinal, a maçonaria estava diretamente associada aos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade — três palavras extremamente perigosas para qualquer regime absolutista da época.

E aqui vem um detalhe que poucos sabem: algumas dessas primeiras lojas maçônicas operavam disfarçadas de associações culturais, clubes de leitura e até confrarias religiosas. Era a única forma de se proteger dos olhares atentos da Inquisição e das autoridades portuguesas.

Qual foi o papel da Maçonaria na Independência do Brasil?

Se você acha que a maçonaria era apenas uma sociedade de homens discutindo filosofia em templos fechados, prepare-se para desconstruir essa ideia. Ela foi protagonista em momentos-chave da nossa história. Inclusive, não dá para falar da Independência do Brasil sem falar dos maçons.

Nomes como José Bonifácio de Andrada e Silva, o “Patriarca da Independência”, não só eram maçons como também usaram a estrutura das lojas para articular o rompimento com Portugal. As reuniões maçônicas foram verdadeiros QGs das ideias revolucionárias que culminaram no famoso grito do Ipiranga.

E olha que curioso: Dom Pedro I também foi iniciado na maçonaria, embora tenha rompido com ela pouco tempo depois, por desentendimentos sobre os rumos políticos do recém-formado império. Esse detalhe por si só já mostra o quanto a maçonaria não era uma organização monolítica, mas sim um espaço de embate entre diferentes projetos de nação.

Por que a Maçonaria sempre foi cercada de mistérios?

Ah, essa é a pergunta que não quer calar, não é? Por que tanto mistério? Por que símbolos enigmáticos, rituais fechados, palavras de passe e todo esse aparato que mais parece coisa de filme de conspiração?

A verdade é que o segredo sempre foi uma questão de segurança. Durante séculos, ser maçom podia significar perseguição, prisão e até morte. Imagine só viver em uma época onde discutir liberdade de expressão já era considerado crime contra o Estado e contra Deus! Então, sim, o segredo era vital.

Mas também existe um aspecto simbólico muito forte. A maçonaria se vê como uma escola de aperfeiçoamento moral, onde os ritos, os símbolos e os graus servem para conduzir o iniciado em uma jornada de autoconhecimento e desenvolvimento espiritual. E é justamente essa combinação de segredo, filosofia e ação concreta na sociedade que mantém o fascínio da maçonaria até hoje.

A Maçonaria ainda influencia o Brasil hoje?

Se você acha que a influência da maçonaria ficou lá no século XIX, eu te convido a olhar com mais atenção para os bastidores da política, das associações civis e até de grandes empresas. Embora a maçonaria tenha perdido parte do seu protagonismo explícito, ela continua atuando, principalmente em projetos sociais, filantrópicos e na defesa de valores como liberdade, igualdade e fraternidade.

Existem, sim, maçons ocupando cargos relevantes na política, na justiça e na economia. Mas, diferentemente do passado, hoje essa atuação é muito mais discreta e voltada ao fortalecimento de redes de apoio e de influência ética, do que a articulações revolucionárias.

E se você ficou curioso, saiba que a maçonaria não é exatamente secreta — ela é, na verdade, discreta. Suas sedes estão aí, visíveis em várias cidades, muitas vezes com o clássico esquadro e compasso na fachada. E, quem sabe, aquela pessoa que você menos imagina é, silenciosamente, um membro dessa instituição que atravessa séculos moldando parte da história do mundo… e do Brasil.

 

Como a Maçonaria se estruturou no Brasil após a Independência?

Pois é… se você acha que, após a independência, a maçonaria se acomodou, está muito enganado. Na verdade, foi justamente nesse período que ela se expandiu de forma surpreendente em território brasileiro. A partir de 1822, surgem inúmeras lojas em praticamente todas as províncias. E o mais curioso? Muitas dessas lojas não apenas se multiplicaram, como também passaram a refletir os conflitos políticos e ideológicos que sacudiam o jovem Império.

Quer um exemplo concreto? Após a independência, surge um racha dentro da maçonaria brasileira. De um lado, estavam os defensores de um modelo mais centralizador, alinhado ao imperador Dom Pedro I. Do outro, os liberais, que desejavam maior autonomia provincial e uma participação popular mais efetiva nas decisões políticas. Sim, a própria maçonaria virou palco das disputas entre conservadores e progressistas.

Essa divisão foi tão intensa que, em 1832, surgiu o Grande Oriente do Brasil (GOB), que se tornou a principal potência maçônica do país. Mas, como nem tudo são flores, outras potências começaram a surgir, como o Grande Oriente Independente e os Grandes Orientes Estaduais, muitas vezes motivados por divergências políticas, filosóficas e até pessoais entre seus membros.

Quais foram os impactos sociais e culturais da Maçonaria no Brasil?

Essa é uma daquelas perguntas que poucas pessoas fazem, mas que deveriam ser obrigatórias quando falamos sobre história do Brasil. A influência da maçonaria vai muito além da política. Ela deixou marcas profundas na cultura, na educação e até na arquitetura de diversas cidades brasileiras.

Você já percebeu como muitas cidades possuem prédios antigos com símbolos como o esquadro, o compasso ou a estrela de cinco pontas? Pois é, isso não é coincidência. São marcas da presença maçônica, muitas vezes associadas a escolas, hospitais, bibliotecas e instituições filantrópicas criadas pelos maçons.

E não para por aí. A maçonaria também foi fundamental na luta contra a escravidão. Muitos abolicionistas brasileiros eram maçons, como Luís Gama, que, além de advogado e poeta, foi uma voz incansável pela liberdade dos negros escravizados. As lojas maçônicas, em muitos casos, funcionaram como centros de articulação do movimento abolicionista, oferecendo apoio jurídico, financeiro e até físico para fugitivos do regime escravocrata.

Se hoje temos uma rede de educação pública e movimentos em defesa dos direitos civis, parte dessa construção se deve ao trabalho silencioso (e às vezes nem tão silencioso assim) da maçonaria brasileira.

A Maçonaria é a mesma em todo o mundo?

Aqui está um ponto que pouca gente entende completamente. A maçonaria é, ao mesmo tempo, uma fraternidade universal e uma organização profundamente enraizada nas especificidades de cada país. Ou seja, existe uma base comum de princípios — liberdade, igualdade, fraternidade, busca pelo aperfeiçoamento moral e espiritual —, mas cada nação adaptou a maçonaria à sua realidade.

No Brasil, por exemplo, a maçonaria precisou lidar desde cedo com a tensão entre laicismo e religiosidade, uma vez que o país sempre teve uma relação muito forte com a Igreja Católica. Isso gerou desafios, adaptações nos rituais e até mudanças na maneira como os maçons brasileiros se organizavam.

Outro detalhe curioso: enquanto na Europa a maçonaria é, muitas vezes, vista como uma instituição mais voltada ao debate filosófico e cultural, no Brasil ela sempre teve uma pegada mais pragmática, com forte atuação social, política e até econômica. Isso não significa que uma seja melhor que a outra, apenas reflete as necessidades e os contextos de cada povo.

É possível entrar para a Maçonaria hoje?

Muita gente me pergunta isso, e a resposta é direta: sim, é possível. Ao contrário do que muitos imaginam, a maçonaria não é uma sociedade secreta e nem um clube de bilionários, como alguns filmes gostam de sugerir. Ela é uma sociedade discreta, aberta a homens (em algumas vertentes também mulheres) que compartilhem dos princípios de ética, fraternidade, busca pelo conhecimento e desenvolvimento pessoal.

Claro, não é algo que se faz da noite para o dia. Existe um processo. Primeiro, é necessário manifestar interesse, geralmente sendo apresentado por um maçom ativo. Depois vêm entrevistas, avaliações e, caso aprovado, o candidato é iniciado por meio de uma cerimônia que, sim, carrega simbolismos e rituais ancestrais.

Mas aqui vai uma informação que pouca gente sabe: a maçonaria brasileira tem se modernizado bastante nas últimas décadas. Hoje, muitas lojas possuem presença nas redes sociais, promovem eventos abertos à comunidade e atuam em projetos de impacto social que vão desde arrecadação de alimentos até bolsas de estudo para jovens em situação de vulnerabilidade.

A Maçonaria ainda faz sentido nos dias atuais?

Eu te pergunto: em um mundo cada vez mais dominado por fake news, polarização política, perda de valores éticos e crises constantes, faz ou não faz sentido uma instituição que prega, desde o século XVIII, a busca pelo aperfeiçoamento moral, a construção de uma sociedade mais justa e o fortalecimento dos laços de fraternidade entre os seres humanos?

A maçonaria continua relevante, sim. Não como uma sociedade que busca controlar o mundo, como sugerem algumas teorias conspiratórias absurdas, mas como um espaço onde pessoas se reúnem para refletir, aprender e, principalmente, agir de forma ética e responsável na sociedade.

E quer saber? Talvez seja justamente desse tipo de espaço — discreto, reflexivo e voltado ao bem coletivo — que o nosso país tanto precise nesse momento.

Se você leu até aqui, me conta: você imaginava que a história da maçonaria no Brasil fosse tão rica, cheia de reviravoltas e tão profundamente ligada aos destinos da nossa nação?